sábado, 1 de agosto de 2009

REPERCUSÃO NACIONAL

EM CIMA DA HORA - GLOBO NEWS




BOM DIA BRASIL - REDE GLOBO

Reposta a Rede Globo.

Recentemente a Rede Globo veiculou uma reportagem sobre o consumo e o tráfico de maconha existente no campus da Universidade Federal de Pernambuco. A matéria deprecia, discrimina e criminaliza alguns alunos que foram facilmente reconhecidos (apesar do efeito usado na edição para não mostrar o rosto das pessoas), insinuando-os como traficantes e se apoderando da metonímia de senso comum maconha-vagabundagem. No vídeo, é possível verificar facilmente que a repórter não usou de ética jornalista muito menos do principio da imparcialidade quando entrevista apenas um suposto aluno e atribui o sentimento de terror e medo, citado pelo mesmo, ao corpo discente da instituição de forma generalizada. Quem realmente é estudante da Universidade, e universitário em geral, esta ciente que o fato das pessoas fumarem maconha não os tornam criminosos muito menos pessoas amedrontadoras, pelo contrário, geralmente estas pessoas são reconhecidas por serem bastante comunicativas e sociáveis. Quem realmente estuda na UFRPE sabe que as praças do Centro de Graduação são espaços de sociabilidade, descanso e lazer e quem quer estudar, comumente procura as salas de estudo, a biblioteca ou até mesmo as salas de aula e não fazem como o suposto aluno que afirma: “ali é um local propicio pra gente poder estudar”. Isso fundamenta a conclusão de que o caráter abominável e ofensivo da reportagem descarta totalmente os princípios básicos do jornalismo e coloca um meio de comunicação, que é de concessão pública, contra alguns setores da sociedade devido a interesses específicos.

Na matéria também existe a denuncia de tráfico/distribuição de maconha dentro da universidade. Gostaria de saber que provas contundentes existem para afirmar de maneira tão enfática que o que está no saco plástico mostrado na reportagem seria cannabis? Uma vez que o aluno, afirmou que era ração de peixe. E como os alunos iriam fumar imediatamente a erva repassada se a imagem que aparece ilustrada pela fala da repórter Karla Almeida remete a outro grupo de estudantes em outro local? A acusão de tráfico (dentro da perspectiva de distribuição) foi feita sem provas coerentes o que reflete rumores de calúnia que deveria ser apurado pela UFRPE e por quem se sentir incomodado.

Por fim, gostaria de ressaltar que muito mais que um local para fazer pesquisas, estudar, se qualificar e aprender uma profissão a universidade serve para também como espaço público para questionar os padrões vigentes, fazer amizades e se divertir. O fato dos estudantes fumarem maconha, não anula a possibilidade dos mesmos estarem envolvidos em projetos de iniciação cientifica, monitoria e grupos de estudos, afinal são estudantes como qualquer outro e como cidadãos e indivíduos tem o direito de fazer suas escolhas e a usar livremente a liberdade que possuem para cuidar de seus corpos sem ter a obrigação de se apegar a qualquer moral e valor presente no seio da sociedade brasileira. Por isso ressalto que o que os jornalistas Marcio Bonfim e Clarissa Góes relataram na chamada da matéria do NETV 1ª edição é de no mínimo mau gosto e falta de profissionalismo demonstrando o abuso de poder absurdo que esta emissora possui em função da exploração do sensacionalismo e da exclusividade, tida como mérito dentro do jornalismo.

Com indignação,

Akhenaton Buarque
Estudante de Ciências Sociais pela UFRPE.
É correto dizer que a aversão ao outro faz parte dos seres humanos.

A não aceitação do diferente, psicologicamente, significa a coisificação do ser, ver uma pessoa como coisa, a relação eu-tu dá lugar a relação eu-isso. considerando que a luz da antropologia nos trouxe “o olhar sobre o outro”, o entendimento cientifico nos esclarece que não existem pensamentos, cultura, ou pessoas superiores, apenas diversidade de costumes,. É visível que o preconceito com relação ao uso da cannabis não está restrito a substancia em sim, mas a uma visão estigmatizada de uma cultura inferior. A questão é considerada como uma coisa a parte e não como parte integrante dos costumes de nossa sociedade, o que é falso, pois as raízes do consumo da erva estão firmadas na nossa história.

Diante de um mundo de regras que impõem padrões a serem seguidos sob pena, o homem se torna um ser inaltêntico. A culpa está na moral e ética definidas em tempo e espaço restritos a cada construção social. As leis refletem valores aceitos em determinado período histórico para proteger a sociedade dela mesma. A missão das leis é proteger as pessoas num todo, nossa sociedade parece esta bem protegida do consumo de cannabis e totalmente fragilizada diante do uso de drogas mais nocivas como nicotina, álcool e outras (como é comprovado cientificamente). Estamos num período histórico onde é aceitável embriagar-se com álcool até a morte (em excesso causa overdose) e é um crime hediondo o uso de uma erva considerada de propriedades medicinais.

Primitivamente nossos ancestrais encontraram nos psicotrópicos uma forma de abstração, o consumo de psicoativos é tão antigo quanto a religião. O conflito do nascimento e o desafio da vida nos leva à angustia, aprisionadas na subjetividade as pessoas vêem no lúdico uma válvula de escape, é no lazer, no brinquedo que nos atualizamos a vida, amenizamos as dores da existência, fumar maconha não é uma coisa em si, é uma construção sociocultural baseada em relações que as pessoas vivenciam como troca de saberes e identidade, diversão, reflexão das problemáticas da vida em comum. É incoerente afirmar que existe lazer certo e lazer errado, o que existem são formas diferentes de escapar, abstrair, formas diferentes de brincar, diversidade de tipos de lazer.

Pessoas que fumam maconha não oferecem nenhum risco a sociedade, para elas é construído um mundo cada vez falso onde não cabem senão como repetidores de uma moral que lhes é estranha e o medo, o medo existe, medo de ser confundido com um bandido, medo de ser marginalizado, medo de ser preso, medo de ser descriminado.


Flávio Felipe
Graduando de Ciências Sociais

EM NOME DA VERDADE

No dia 07 de julho de 2009, a Rede Globo pôs no ar, uma reportagem/denúncia em que mostrava estudantes da UFRPE fumando maconha, em uma praça do campus da universidade. Numa linha de notícia-espetáculo (sensacionalista), que vai se tornando comum na imprensa mundial e na brasileira em particular – sobretudo na tv – a repórter da Globo montou a matéria para caracterizar com as imagens e falas captadas, uma atmosfera de crime e medo ali existente, impunimentes. A sordidez da reportagem não deixa ver de imediato as suas reais intenções, mais fica claro que a repórter jogou sujo com a desinformação e o medo da sociedade utilizando-se da ainda forte (como?) e arrogante audiência da emissora. Recortar para publicar, frases do depoimento do reitor e imagens e falas de poucos alunos e funcionários , demonstrou, no mínimo, falta de compromisso ético-profissional com a imagem e integridade dos envolvidos, com a instituição UFRPE e, sobretudo, com a sociedade que supostamente simulava informar.

A história demonstra, que se quisermos encontrar saídas honestas para o que consideramos ser nossas mazelas sociais, temos que ser antes igualmente capazes de promover um corajoso, honesto e democrático debate para tanto.

As mesmas pesquisas científicas que demonstram o crescimento do consumo de drogas ilícitas (proibidas) junto com o aumento do tráfico e do crime organizado, também demonstram que os hoje usuários de maconha, crack, cocaína etc, começaram usando drogas lícitas (legais) como bebidas alcoólicas, cigarros, soníferos etc, que são mais responsáveis por mortes, danos físicos/mentais e despesas médico-hospitalares que as drogas proibidas.

Para sermos francos, quantos não são hoje os jornalistas agora moralistas, juízes da suprema corte, senadores, deputados e até presidentes da república do Brasil e do mundo que na juventude usaram maconha e outras substâncias, e muitos ainda são, no mínimo, usuários contumazes de bebidas alcoólicas? O que rola nas madrugadas festivas de boa parte desse pessoal ? Dificilmente será água mineral e oração.

Ilegal, criminoso, desonesto e anti-social é legalizar dinheiro dos tráficos (de armas, de droga, de gente etc.) como fazem os bancos. Ou como fazem a mídia e governos que sobrevivem do dinheiro sujo da indústria do cigarro, de bebidas alcoólicas, de remédios auto-medicados, de jogos de azar etc. Ou como fazem muitos juízes e parlamentares que são pagos para fazer ou defender a lei mais usam os seus mandatos para proteger ou se associar a toda sorte de criminosos, alguns até apresentados pela imprensa como prósperos empresários.

Diante do exposto, vai ficando claro porque a mesma repórter e emissora se desdobraram tanto para expor alguns alunos e funcionários da UFRPE como delinqüentes - ignorando as graves seqüelas decorrentes - fazem tanto esforço para ocultar verdadeiros crimes cometidos contra a sociedade, como o amento de energia elétrica recém-aprovado de forma suspeita pelo Supremo Tribunal de Justiça, ou o jogo sujo que está em curso nos bastidores do senado para privatizar a Petrobras, num momento em que o país descobre uma das maiores reservas petrolífera do mundo.

O pressuposto da democracia é o direito a informação e decisão. E não podemos deixar que este direito ainda tão caro para nós brasileiros, seja subtraído por uma classe dominante que por se achar dona dos maiores meios de comunicação – todos os canais de tv são concessões públicas - se veja no “direito” de mentir, difamar, disseminar pânico e preconceitos em nome da audiência, do lucro e de seus interesses ideológicos.

Em nome da verdade, essa é a nossa opinião!